quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Eu corro atrás dele todos os dias. Demoro muito pra conseguir pega-lo de jeito – isso quando ele não me deixa na mão. Ele corre tão rápido, geralmente, e quando eu vejo, já não o vejo mais. Perco-o de vista fácil, fácil. Eu chamo, imploro pelo amor de Deus, mas ele não me da ouvidos. Finge que não escuta e me ignora. Eu já saquei qual é a dele. Ele não gosta que eu corra atrás – penso que ele prefira que eu corra na frente, pois assim quando ele me pega é fatal. Infalível. Eu nunca resisto e sempre me entrego. Ele gosta de me matar pelo cansaço, e quando eu já estou acabada de tanto correr para alcançá-lo e telo em meus braços, ele entrega o jogo. É quando eu vejo os meus olhos pedindo abrigo as pálpebras, e o ar tocando as extremidades dos meus pulmões num ritmo mais suave, que, finalmente, eu consigo, enfim, pegar no sono.

sábado, 31 de outubro de 2009

argh!

O sol sumiu do céu, virou noite. O silêncio que só um tende a escutar grita alto para si.
É quando o coração acelera, as veias das mãos incham, as orelhas parecem pegar fogo, o cenho enruga, o ar não consegue permanecer dentro do pulmão e o sentimento de ira toma conta, deixando a vontade de se escabelar aparecer. Até mesmo aquele travesseiro que está servindo de apoio para a cabeça já não é mais confortável.
O que se precisa fazer é buscar um lugar menos populoso, e que de preferência não contenha nenhum objeto que agite ainda mais os sentidos, deixando as mãos com vontade de fazer os tais causar um impacto muito forte contra a parede.
Se alguém rir -bah- o choro surge, as lagrimas escorrem, fazendo da ira, ódio.
Nessas horas o auto-controle necessariamente precisa ser muito alto, porque a explosão que tenta sair de dentro de um determinado corpo é infinitamente perigosa.
Mas calma, o amor é maior que isso. Muito maior, Na verdade esse sentimentos é só do momento, e o amor é presente durante todos os momentos presentes.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Aquela boca boca desenhada para aquele mais delicado rosto. Lábio inferior cheio, carnudo. Boca grande com cheiro de beijo. Beijo com gosto de bom. Saliva quente. Língua sapeca. Beijo apertadinho, não deixa brecha pra que o ar se faça presente no enrolar do órgão muscular com o órgão da boca alheia. Troca de paladares. Rinencéfalo emocionado. Coração acelerado. Arrepio gelado. Mãos quentes. Rostos parecendo conter imas. Beijo calmo. Beijo longo. Beijo provocador. Beijo ardente. Beijo seu. Boca sua. Sua nuca sensível. Pescoço para os meus dentes. Vontade minha...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Eu corro pra dentro de mim, me escondo da dor. Espero até que tu venhas, e te amo com toda vontade que há. Me encontro quando vejo a tua chegada, e sinto a ternura tocar o momento que eu invento ou que já foi inventado por nós, quando os olhares se encontram. Eu encontro a paz. A paz que apenas com o olhar, tu me trazes sem nem perceber. Eu corro pra te amar, mas não tenho pressa de te esperar chegar.

sábado, 10 de outubro de 2009

-eu não disse que não iria.
-mas também não falou que ias ir.
-sim, não falei, mas isso não implica em não ir.
-então porque não falou?
-porque eu não quis.
-uau, tu nunca queres nada.
-eu quero.
-o que você quer?
-quero poder fazer com que tu entendas que eu quero ir.
-porque veste essa armadura toda?
-que armadura?
-essa, junto dessa pose de "você quem sabe".
-mas realmente és tu quem sabe.
-olha, eu não sei de nada, porque eu nunca fico sabendo de verdade qual é a tua vontade.
-então deixa eu te mostrar?
-mostrar o que?
-a minha vontade que tu não consegues ver.
-eu não quero que tu me mostres nada.
-ah é? Mas mesmo assim eu quero te mostrar.
-interessante como o teu querer aparece do nada.
-o meu querer ta sempre aqui. É uma pena que tu não saibas disso.
...
-Tá, não adianta me olhar com essa cara de cachorro molhado. Tu que começaste.
-É, fui eu quem começou.
-ah, ironia essa hora do dia não é nada agradável.
-po, tem hora certa pra ironia também? Não, porque, pra ti as horas são todas medidas e remedidas.
-eu meço as horas do meu dia, pra que sobrem horas a mais pra eu te ter nos meus braços por mais tempo.
-se você acha que vai me amolecer com essas frases românticas, vai tirando o teu cavalo da chuva.
-eu não tenho cavalo.
-tira o teu cachorro da chuva.
-amor, nós não temos cachorro, lembra? Optamos por ter um apartamento só pra nós.
-tu estás me irritando.
-tu ficas ainda mais linda quando irritada.
-vou te mostrar quem é linda.
-mostra, vai.
-ai, cala a boca.
-calo sim, mas só com um beijo teu.
-vem cá, tu não vai parar?
-não paro se não quiser.
-eu acho incrível como tu misturas as coisas.
-mas eu não estou misturando nada.
-porque fica querendo me ganhar com esse teu jeito irresistível?
-ah, porque você me ama.
-e você não?
-não.
-mas...
-não, eu não me amo, eu te amo.
-sem graça.
-É, as vezes eu tenho vontade de te jogar pela janela, de tão sem graça que tu és.
-porque não joga?
-porque além de entrar em cana, eu ficaria sem o amor da minha vida. E tu, porque não deixas de querer saber dos por quê?
-porque... porque eu não sei.
-eu sei.
-tu sabes?
-sei.
-do que tu sabes?
-sei que tu ta querendo um beijo meu.
-te mentiram.
-vais negar?
-claro que vou.
-até assim, na orelha?
-na orelha já é um começo.
-ah é? E aqui, no pescoço?
-para com isso.
-ahhhhhhhhhhhh
-bbbbbbbbb
-tu és tão chata, mas eu te amo, sabia?
-eu sei.
-hahaha
-ta rindo do que?
-da tua cara
-tenho cara de palhaça?
-olha...
-não responde.
-certo, certo.
-vem, me da um beijo logo.
-ta querendo um beijo agora?
-to sim.
-um é muito pouco.
-eu sei, mas inicia ai, que eu sigo o baile.
-a tua boca tem cheiro de mel.
-a sua tem cheiro de creme dental.
-hahaha. Eu escovei os dentes antes de entrar no quarto.
-a tua voz é doce.
-tu já me disseste isso.
-deixa...
-sabe o que eu mais gosto na gente?
-o quê?
- o modo como as coisas se ajeitam rapidinho, como as coisas não têm o tamanho que deveriam ter. Digo, nas “brigas”. Até parece que sempre é a primeira semana de namoro.
-É porque o amor é maior do que qualquer outra coisa, principalmente se for relacionado a essas "brigas" baratas.
-o nosso amor é maior do que qualquer coisa.
- é sim. Mas vem logo, não me enrola, me beija logo.
- só se eu puder ver os teus olhos se fechando.
-é só ficar com os olhos abertos.
-não vais ficar brava?
-não fico nunca.
-nunca é muito, hein.
-é muito sim.
...
-se um dia tu resolveres que não quer mais morar comigo nesse apartamento, tu leva contigo esses nossos momentos?
-se um dia eu resolver que não quero mais morar contigo nesse apartamento, vai ser porque eu quero comprar um melhor pra gente morar.
-eu te amo.
-eu também...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Quando deitei lembrei de ti. Senti meu interior frio e minhas mãos se fizendo quentes. Acho que foi medo...
Em dois segundos eu me vi coberta dos pés a cabeça, quase não respirando, para o escuro não sentir o meu ofegar. Não costumo sentir medo quando deito, mas ontem, depois de ver todas aquelas marcas acentuadas no seu rosto, aqueles ferimentos, as suas mãos entrelaçadas e a sua boca colada com alguma coisa que lembrava cera quente, me fez temer.
Eu temi. Temi em te encontrar naquelas condições novamente.
Aquele dia, quando olhei em minha volta, notei que todos os rostos choravam. Observei seu peito, mas ele não inflou. Então os meus olhos molharam migrando em direção aquela vela apagada sobre o balcão.
Cada passo dado eram cinco querendo recuar, e dez querendo correr pra longe dali. Me senti impotente: não pude acender a vela. Ela, também, já tinha chegado ao final...

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Quem sabe me dizer qual é o verdadeiro significado do verbo amar?
Amar no pretérito imperfeito não é amar. Não precisamos daquele amor que se conjuga no passado, precisamos da conjugação do verbo no presente.
Não diga que me amou: diga que me ama.
Já me disseram que amar é se entregar de corpo e alma, mas esses mesmos que me deram essa resposta recolheram seus corpos e suas almas para sí, deixando o outro como veio ao mundo: nu. Se fosse uma nudez relacionada a roupas, talvez fosse infinitamente mais fácil se vestir novamente, mas sendo uma nudez de espírito, de paz que se torna a maior das guerras já presenciadas, de inocência que vai pelo ralo, tudo se torna intensamente hostil, e não é fácil juntar as roupas e vesti-las outra vez. Já ouvi dizer que teve gente que preferiu ficar nu a se vestir de novo. Talvez eu preferisse também, até porque ficar sem roupas é legal, a gente se sente mais livre. Talvez todos devessem viver pelados, pois se todos vivessem pelados, eu aposto que não iriam ficar com toda aquela apreensão, pra juntar as roupas jogadas no chão, quando alguém batesse na porta.
Não cheguei à conclusão nenhuma, eu sei, porque o amor não se conclui, embora alguns amores cheguem ao termo da ação. Amor que é amor permanece, mesmo que alguém te deixe nu. Portanto, completando a idéia citada no início do texto, jamais será “eu te amei”, e sim “ eu te amo”.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

accompanied

É um tremor parecido com dor, que vem de baixo pra cima, fazendo a minha alma dentro do meu corpo recolher, e logo após o recolhimento, respire, com ansiedade. É um mecanismo cruel, desagradável, que já me era familiar há alguns meses, contudo nesses últimos dias essa sensação de entrarem em mim, e retirarem meu fôlego junto de um pedaço de força, toda vez que eu lembro a imensidão de passos que estou longe de ti, tem sido quase constante. Eu nem noto, mas quando me dou por conta, meu peito já está aberto esperando que o ar entre e o faça respirar novamente. É como andar numa montanha russa, mas ao invés do famoso frio na barriga, o qual sentimos quando estamos andando em alta velocidade ou descendo os trilhos da tal, com o ar todo para nós, é uma teimosa dor que arde dentro de mim, que faz completamente o inverso: vem de baixo com velocidade fraca, e se instala no peito até que o ar se faça presente uma outra vez.
É tudo saudade...
Não preciso que me dêem explicações de qual é a graça de ter as tintas trancadas dentro de latas, por conseguinte aprendi sozinha a ver que mesmo não podendo pintar as paredes, elas permanecem ali, guardadas, e muito minhas. As coisas nas ruas, paredes, pessoas, podem até não ter a cor que deveriam, pois comigo trago todas as cores e mais algumas, desde o azul mais claro, ao vermelho mais intenso.
Chega com o teu sorriso, e deixa as cores saírem dos baldes, pintando o céu de azul e as paredes de vermelho. Veste verde, que é a cor da esperança, porque sem ela não há caminhada, e eu vou amar ti ver vestindo a cor que mais combina contigo, no meu ponto de vista. Não é sem nexo que eu ache o verde tão a sua cor, consequentemente tu és a minha esperança. Deixa o cabelo ao vento pra me trazer liberdade. Traga o teu amor pra mim, porque isso, e apenas isso, constrói a minha verdade.

domingo, 30 de agosto de 2009

Tu abriste a porta do quarto, e eu nem notei. Tudo o que eu ouvia era a música soando alto nos meus ouvidos, e o que eu sentia era apenas a pressão que os fones faziam sobre minhas orelhas, e o lençol gelado, que me dava uma sensação de frescor naquela tarde de inverno semelhante a uma de verão.
Eu não notei, mas o aroma me era familiar. Tu chegaste mais perto, colocando seus joelhos no chão de madeira liso, debruçando seus braços sobre a cama. Eu não sei qual é a graça de ver meus olhos fechados, mas eu sei qual é a graça de sentir o seu sorriso.
São só alguns centímetros que distanciam a minha boca das tuas mãos. Me virei um pouco e o fone sempre incomoda minha orelha quando eu me deito de lado, então abro os meu olhos e te vejo ali, sorrindo.
É inevitável não sorrir quando vejo seu sorriso. É como se o teu sorriso fosse o meu, e de fato, pra mim, é.
Eu não me movimento, apenas te escuto dizer que se fosse um ladrão já teria me roubado.
Eu poderia ficar te olhando por horas que não me cansaria jamais.
Vou colocar minha mão na tua, e te puxar pra mim. Nossos corpos já estão unidos sobre a cama que ainda pouco estava ansiosa pela tua chegada. Teu abraço me conforta, e eu não penso mais na música que está tocando, penso somente na tua respiração soprando forte no meu pescoço, ou a minha no seu, eu já não sei mais. E aquele jeito que tu colocas o rosto em frente ao meu, me faz fechar os olhos e esperar por um beijo teu.
Enquanto o segundo se faz horas, os dias custam semanas a passar. E estou aqui sentada sobre as minhas pernas, caindo de cabeça num sonho nosso.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Depois que o laço de fita vermelho foi cortado, o silêncio era o que havia de melhor dentro daquela caixa. Havia duas opções de escolha: O vazio e o silêncio. Ela optou por preencher o vazio com o silêncio. Porque o silencio machuca, mas o vazio destrói. E se o vazio foge, o silencio fica, mas se o contrário se sucede, não restaria mais nada.
Pisar em folhas secas naquela tarde de outono nunca foi tão tedioso.
O sol iluminava a praça desprovida de presença humana, exceto a dela.
O barulho que as folhas emitiam enquanto ela as esmagava com as solas dos seus sapatos, lembrava os ruídos provocados pela mastigação de batatas fritas.
As batatas já não tinham mais o gosto da infância, e as folhas o barulho quebradiço. Tudo o que ela se permitia ouvir naquela tarde era o som do silencio ecoando em sua mente.
-Som do silêncio?
-Sim, aquele que só ela escuta, por ser tão familiar. E pelo fato do silencio quase nunca deixar de gritar dentro dela.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Por mais diferentes que os caminhos sejam, todos tem saída para um mesmo abrigo – se é que posso chamar assim.
Meu destino é igual ao dela, que é igual ao dele, que é igual ao de todos os outros. O que diferencia a caminhada até esse tal abrigo, são os passos dados – espero que os meus sejam firmes.
Hoje os passos dele são largos, enquanto os meus são curtos e calculistas, preferindo levar mais tempo a alcançar a linha de chegada, ao invés de colocar no chão um passo maior do que as minhas próprias pernas curtas, tropeçando em algum buraco e acabar única ao chão com a boca cheia de formigas.

domingo, 2 de agosto de 2009

Concreto

- Se eu decidir que quero ficar pra sempre, tu deixa?
- Eu deixo e ainda te dou um abraço bem forte, mesmo sabendo que tu não gostas.
- Então, por que vais dar?
- Porque eu quero.
- Eu quero também.
- Eu sei...

sábado, 1 de agosto de 2009

Ela ta sentada no chão, escorada no macro da porta de madeira cor de verniz. Dalí ela vê seus pés descalços, brancos e gélidos. É inverno ainda, mas o corpo já nem sente mais. Não sente mais, porque o mesmo sentimento caloroso que à aqueceu há meses atrás quando chegou, ainda permanece naquele peito que lateja. Dentro daquele peito que lateja, consta um coração barulhento. Os ruídos são todos seus...
O pijama branco da a sensação de que a paz ainda permanece, e ela de fato permanece. Aquela paz de espírito perturbado, mas a mesma paz de antes. O seu amor lhe explicou de onde vem a paz, e hoje ela sabe que a paz vem do sentimento.
É tudo sentimento, afinal são apenas mais algumas horas pra estender um abraço apertado ao corpo amado.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Tem dias que nós mesmos apertamos os nossos próprios olhos pra não fugirmos de dentro dos nossos corpos.

Acho que hoje o começo não seria um bom começo pra um texto, então eu vou começar de onde eu acho que devo. Eu nem sei se eu devo escrever, mas a ti eu devo tudo. É a ti que eu devo os meus sorrisos, porque se minha boca se abre, e se os meus dentes querem se mostrar é pra ti. Se a minha boca se abre, é pra dizer o teu nome, então eu te devo a minha alma inteira. Eu te devo a minha alma que é tua. Não é uma divida, mas sim um dever. Um dever de te agradecer por ter ficado, agradecer por me fazer feliz mesmo quando o céu pareceu desmoronar. Eu sei que hoje em mim ta tudo desmoronando. Os meus medos estão maiores do que a coragem, a minha garganta mais estreita que o final do funil, minhas mãos mais doloridas do que se tivessem cacos de vidros cravados nelas. Eu sei que hoje eu não to sorrindo, mas tu sabes que um sorriso meu sorrindo pra ti, é um sorriso teu. Logo ele chega de novo, logo ele te surpreende, e talvez, talvez eu ganhe um teu pra ser meu. Eu sei que o teu desejo era não me ver assim, e podes ter certeza que eu não queria estar. Pode ter toda a certeza do mundo que eu queria te trazer pra mim, assim como eu sempre quis. E pode ter certeza que eu te quero mais do que ontem.
Eu não quero que acabe. Se tu quiseres a gente não precisa acabar, mas sim só seguir assim, como a gente conversou que tem de ser. Eu só não quero a minha vida igual à de todo mundo, com os relacionamentos sangrando, com o coração dilacerado. Eu quero uma vida nossa, assim como eu sempre quis, eu te quero do meu lado pra rir, e pra chorar, assim como, também, eu sempre quis. Eu só quero que o nosso relacionamento prossiga como sempre foi. Se hoje eu não tenho o teu corpo pra ser meu, mesmo desejando ter, mesmo desejando que o meu seja teu, eu desejo seguir segurando nas tuas mãos. Tu sabes que tu me levantaste quando eu já tinha decidido cair, e agora eu quero e preciso fazer o mesmo por ti, então, segura na minha mão como tu sempre segurou, e por favor, não solta,não, segura firme pra eu sentir que eu vou te ter aqui até o final da minha vida.
Nada acabou, nem quero ter que dar um tempo. Tudo segue em mim como sempre seguiu, tudo vai seguir como eu quero que siga. Eu não quero conclusões, e quero continuidade. Eu quero continuar. E eu vou continuar te amando. Não pense nunca que o meu sentimento amenizara, porque ele só cresce por ti. Te disse que é movimento retilíneo uniformemente variado, não? Então, ele só tende a acelerar.
Não precisamos de perdão. Precisamos nos completar, como sempre nos completamos.
E olha, se não for pedir demais, tenta não sofrer, porque sofrimento não combina com amor. Eu vou tentar fazer o mesmo. E tu tem todo o meu, todo o meu amor. Eu não quero que sofras. Se alguém tem que sofrer, que seja eu. Me da tua dor, e não te sintas só, porque tu me tens assim como sempre me teve.
É só uma cartinha pra desabafar junto contigo. É que ta bastante apertado hoje.
E o pra sempre não acaba, ele segue aqui, assim como eu vou seguir do teu lado pro resto da minha vida.
Ah, não esquece daquele filme quando vieres passar a noite aqui em casa. A minha casa ainda é e sempre vai ser a tua, se tu quiser que seja, e a minha família te ama, não deixa de vir, não deixa de amá-los também. Eu sei que não vai, é só um pedido.
Desculpa as minhas idiotices sobre o “outro alguém”, entenda que eu só tenho medo que algum dia alguém venha a te magoar. Eu dou a minha vida pra te ver feliz, eu entrego todos os meus pontos se for necessário. E se alguém algum dia atrever a te machucar, eu juro, juro que não penso duas vezes antes de colocar pra correr.
Eu não quero que desistas nunca, eu não quero que sintas fraqueza, porque temos forças. Juntamos as nossas e ela fica grande.
Espero que não estejas com um nó ai, porque aqui já ta quase me enforcando.
Fica com a nossa aliança sempre? Fica com os nossos beijos, e as nossas noites em ti? Fica comigo também, porque eu vou ficar contigo em mim, e em ti.
As lágrimas de hoje serão os sorrisos de amanhã, podes ter certeza que eu vou ser forte o suficiente pra agüentar essa maré toda. To me afogando hoje, mas logo eu subo até a superfície, e eu quero te ver na areia me esperando chegar. Me espera?
Eu quero dividir a minha toalha contigo. Sabe que o respeito por ti mora dentro do meu peito, então não pense duas vezes se um dia tiveres que dividir uma toalha comigo. Não vou prometer não olhar, até porque não tem como não, mas eu te prometo todo o respeito que há, porque tu merece todo ele.
És o meu maior exemplo, o meu exemplo que luta por aquilo que quer. Não, não leve isso pra esse lado da coisa, por favor. Eu sei que foi preciso, eu sei... És meu exemplo, assim como és o meu amor.
Sabe que tem aqui uma amiga pra todas as coisas. Tem uma amiga pra quando chegar de uma festa não tão bacana e quiser contar que a comida pelo menos era boa, uma amiga que vai estar sempre ali te esperando chegar seja de qual for o lugar, uma amiga que vai te apoiar como sempre em todas as suas decisões, e uma amiga que não vai deixar que desistas nunca, porque desistir não cabe dentro do nosso contexto. Mesmo que os planejamentos tenham se diluído em algum lugar que não no futuro, muitos outros eu quero fazer. Eu aprendi que planejar não é tão ruim assim, quando se tem uma pessoa como tu ao lado. E eu te quero sempre, pra sempre do meu ladinho.
Assim como tantas músicas servem pra nós, eu quero citar uma que está em mim hoje desde cedo: Nada vai mudar entre nós. Como eu sei? Eu só sei. Tudo vai permanecer igual, afinal,não há nada a fazer... E meu coração, ele tem uma só direção: a tua.
E sabe aquela ida a praia? Ainda ta de pé, com os pés descalços tocando a areia. Não posso mais te pedir o que eu pediria, mas eu posso sentir o que eu sempre senti.
Pode crê que a nossa história ainda faz muito sentido.

Saudades. Eu te amo como ama o amor.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Because days come and go
But my feelings for you are forever
Because days come and go
But my feelings for you are forever...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Todos os dias antes de dormir, eu coloco um beijo na sua boca, enrolo os meus pés no cobertor, pra fazer com que eles fiquem quentes, como tu os esquentas quando estas comigo. Deixo o travesseiro fingir que és tu, e me encaixo nele.
Não durmo pra esquecer que o travesseiro não és tu, durmo pra lembrar que logo o travesseiro vai poder parar de fingir que és tu, e que tu estarás de fato ali, e enfim vou poder me encaixar em ti outra vez.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Não solta da minha mão

Prefiro o mar da noite...
Eu sei que o mar da noite é o mesmo mar do dia, mas a noite expõe melhor a beleza do mar.
Na noite não se enxerga imperfeição das águas, ou a sujeira que ela contém: se vê apenas o brilho do céu refletir no mar.
Passa das sete agora, e no inverno o vento parece cortar o rosto da gente só com um sopro leve.
Estou aqui sentada na areia assistindo a água dançante, e os grãos de areia estão entrando nos meus olhos, devido à rapidez com que o vento passou a soprar agora.
Eu sei que tu estas por aqui, então senta aqui do meu lado, senta sobre o meu chinelo pra não molhar tuas calçar. Chega um pouco mais perto, deixa os meus braços ao teu redor, pra um abraço mais aconchegante. Senta assim, entre as minhas pernas, me deixa sentir o perfume dos seus cabelos negros, e o cheiro que só tu tens.
Tem as estrelas hoje, e a lua está pra nós essa noite. Não precisamos de televisão pra nos distrair (se bem que não precisamos de distração). E tem meu corpo pra te servir de travesseiro e cobertor, então não precisamos voltar pra casa essa noite.
Amanhã estarei ao teu lado, pra ver um novo dia acordar, e quando o sol morno da manhã tocar o teu rosto fazendo os teus olhos se abrirem e me fitar, eu vou fitar os teus lábios macios, e os meus irão tocá-los.
Fica comigo... Fica essa noite, e todas as outras. Fique sempre.
A gente sabe de onde vem a calma, e por ser assim, por favor, não solta da minha mão.

domingo, 28 de junho de 2009

Diálogo de domingo

-O Brasil já foi melhor (pelo menos no futebol)...
-É... Realmente. Na verdade, não é o Brasil que é ruim, é quem administra. Tanto dentro, quando fora do futebol.
-Pois é, isso é verdade, mas se tu for ver por um lado isso já faz parte da "cultura" brasileira, onde existem mais pessoas corruptas do que honestas .
-Realmente, até por que o exemplo vem de cima.
-É brabo.
-Querem prender, matar, os ladrões menores, os que eles chamam de ladrões, que são mais aprendiz deles do que qualquer outra coisa, mas enquanto existir gente podre dentro do governo e afins, não vai adiantar em nada.
-Exato. Boa parte da culpa é deles, mas também o povo não ajuda a fazer uma política honesta, que siga um principio, os mais necessitados vendem seus votos, e isso é uma pena. Tava falando com o Lugon esses dias (professor de historia e candidato a vereador de Guaíba) e ele disse que pessoas não votaram nele porque ele não quis dar uma caçamba de terra, por exemplo, como ele disse isso não faz parte da política dele, pena que nem todos pensam assim.
-É que na real é como tu mesmo disseste ali a cima: a maioria das pessoas aqui no Brasil já são mais corruptas do que honesta, e ai eles mesmo fazem "o jogo" que os políticos fazem, porque o exemplo vem deles mesmo, da política. Então ficam trocando os votos, que poderiam fazer a diferença, por um pedaço de terra. Sendo que se existir dentro do governo uma pessoa que tenha a honestidade de verdade, esses tais que venderam os votos iriam ter muito mais do que um simples pedaço de terra, porque com um governo justo, tudo ficaria justo, mas... Paciência. O povo Brasileiro quer seguir exemplo, e acabam por ser pior do que os que estão no governo.
-Sim, exatamente, e mesmo se houver algum político honesto dentro dessa política medíocre, os políticos corruptos já fazem eles mudarem de idéia, porque não é só um que rouba, e sim um que rouba por vários. Como você disse o povo Brasileiro não tem exemplos bons.
-A conclusão é a seguinte: Tem gente que gosta de tomar chocolate. E tem brasileiro que não se contenta só com o leite.

sábado, 20 de junho de 2009

Todas as noites, quando eu descanso a minha cabeça no nosso travesseiro, eu tenho o prazer de apertar o play no controle remoto das minhas memórias, para assistir aos nossos filmes. Nas cenas construídas por nós, eu deixo os meus olhos se fecharem, e sigo correndo atrás de ti dentro de cada flash que compõe a nossa história. Deixo que eles corram para que eu te encontre dentro de mim, para que eu encontre o seu sorriso, e involuntariamente meu sentimento faça brotar um sorriso seu no meu rosto. Sim, involuntariamente, pois o que é o amor se não o involuntário mais espetacular de todos? Amar é o ato mais belo que conheço, e te amar me fez conhecer a mim mesma de verdade. Se todas as tardes eu pudesse sentar ao seu lado e lhe dizer o quão gratificante é pra mim te ter comigo, eu precisaria de todas as tardes e mais algumas, pois meus agradecimentos são infinitos.
Eu sou feliz por ter encontrado as tuas mãos pra me segurar, quando tudo já parecia ter caído e quebrado. Tu seguraste nas mãos o vazo rachado antes que ele se partisse em inúmeros pedaços, fazendo dele completo de novo, sem rachaduras aparentes.
Eu quero ficar nas tuas mãos, quero os teus braços ao meu redor hoje, amanhã, e todos os dias que estão por vir, durante a minha vida inteira.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

A musica me dizia que tudo ficaria bem, que eu não deveria ter motivos para preocupação, pois um pássaro verde novamente voltaria a cantar durante todas as manhãs para mim. Eu não fazia questão de abrir a janela para que ele entrasse, nem me sentava na rede pra deixar que o vento soprasse contra mim enquanto esperava com que ele cantarolasse de cima da árvore ou enquanto voava.
A música só soava sem ritmo, só a letra ficava em mim. Vazia, e sem melodia, a música ia, e outras vinham. Assim com as pessoas que passem por nós quando estamos indo ou vindo de algum lugar, como elas.
A cor desbotava: O vermelho ficava laranja, o laranja amarelo, o amarelo caramelo, o caramelo bege, o bege fica um rosa fosco, e assim foi perdendo a cor até ficar branco. Transparente...
Assim as cores iam mudando conforme os dias iam passando. Os dias passavam, e eu passava junto deles. Só passava, sem ter a vontade de ficar num ponto fixo, num local que me fizesse sentir vontade de buscar algo mais ou de ir mais além. Eu estava completamente sem cor.
Foi quando me deparei com as tuas palavras, quando me deparei com isso tudo que estava plantado em mim, com esta certeza que eu jamais imaginei que teria um dia, os céus despejaram confetes, as cores explodiram dos baldes de tinta, pegando as suas cores e formas de volta. Eram fogos de artifício iluminando o céu em pleno dia, quando os meus olhos tiveram o privilegio de encontrar os teus. Hoje eu faço questão de abrir a janela, para que o vento traga o teu perfume até onde eu me encontro. Estou onde eu realmente sempre quis estar: voando com os pés no chão. Estou num ponto fixo, no nosso ponto fixo. Estou folhando a mesma pagina que tu folhas, e estou passando os meus olhos nas palavras que constitui a frase que tu lês. E tudo faz sentido agora. A música estava certa: Tudo ficou bem. E o pássaro verde veio até mim, e não só cantarolou como está voando sobre mim. Ele há de permanecer pra vida toda. Passarinhos verdes não desbotam a cor, e eu sou tua pra sempre. Eu te amo, meu amor.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Eu estava parada, inconsciente, no meio da rua, enquanto a água fria da tempestade caia sobre meus ombros e cabeça. Tu me tiraste de lá, me colocando de baixo do seu casado, me protegendo da água e do frio.

Eu não vou deixar com que a água da tempestade desabe sobre ti. Por mais perversa que seja a chuva de hoje, e por mais que o frio esteja cortando nossas mãos, e fazendo das nossa bocas uma pedra de gelo, eu tenho o meu casaco agora e farei dele um abrigo pra te proteger da água da chuva que cai sobre nós.

Eu trouxe o guarda-chuva.

sábado, 25 de abril de 2009

(...)

A Esperança deixa uma lagrima de anseio escapar pelo canto dos olhos, quando percebe que o tempo cronológico parece transformar os segundos em horas. A lágrima percorre o seu rosto e toca o chão com tamanha intensidade que o Tempo Psicológico, apavorado, tranca os segundos do Tempo Cronológico, dentro de si.

A distância se julga culpada por toda aquela agonia, e acha que deve se desculpar pelo transtorno ali cometido. Logo, quando engole o orgulho, diz:- Por favor, não chore por mim, Esperança. E tempo, não fique apreensivo, por favor. Logo eu estou indo e então, Esperança, não perca o Tempo chorando por mim. E tu, Tempo Psicológico, não precisa perder a esperança de que a Esperança logo volta a ficar eufórica quando o seu companheiro, o Cronológico, estiver curto e eu já estiver tão pequena que não será preciso chorar, pois eu serei dissipada.

A esperança nunca perde o fio da meada, por mais extensa que seja a distância,ela nunca se entrega, pois o fio, o fio é longo, e mesmo que a Esperança não saiba o que tem amarrado no final dele, ela segue viva.

sábado, 18 de abril de 2009

Amor, o sol acabou de nascer, mas ele não me aquece, eu preciso de ti. Amor, a água do chuveiro não cai quente sobre meu corpo quando tu não estas de baixo dela junto a mim.
Me deixa ser a água quente que te banha? Me deixa ser o cobertor que te aquece do frio nas noites tenebrosas do inverno? Me deixa ser a tua praia no verão? Me deixa ser o teu entusiasmo todos os dias? Me deixa enxugar as tuas lagrimas, com os meus lábios, nos dias difíceis?
Me deixa dizer que o destino traçou eternos laços, unindo os nossos corações, fazendo dele apenas um. Me deixa dizer que os meus passos são firmes, porque eu caminho segurando nas tuas mãos. Me deixa sentir o teu perfume durante toda a noite, me deixa respirar o ar que tu expira. Me deixa tocar no teu rosto com as pontas dos meus dedos, desenhando cada centímetro do seu rosto esculpido nas mais perfeitas feições. Me deixa acariciar seu corpo sobre o meu, com a palma da minha mão, num toque mais forte, que te mostrará que a minha vontade é a maior das leis.
Quero meus dias iluminados com a tua presença, quero os meus olhos nos teus, quero as minhas mãos nas tuas, quero o teu corpo no meu.
Meu amor... Eu quero te beijar enquanto a lua se coloca no seu lugar, e quero ainda estar te beijando quando ela der o lugar ao sol.
Deixa eu me encaixar em ti e adormecer no teu calor, amor...
Eu te quero toda a noite, eu te quero nas minhas manhãs, eu te quero diante dos meus olhos. Eu não quero mais ficar distante.
Meu amor... Veste aquela bermuda que tu vestes nos domingos, e aquela camiseta longa que quase cobre o comprimento da tal, e me dê a mão, me deixa te levar até a beira do mar, ali, depois do porto, onde o vento sopra forte no teu rosto, jogando teu cabelo pra trás, deixando os teus olhos livres para que eu possa apreciar o brilho deles. E amor, não usa o chinelo hoje não, vais descalç, porque hoje, hoje eu deixei de lado a agonia que a areia da praia deixa entre os meus dedos, só pra sensação ser igual para nós. Me deixa arrumar a mexa do teu cabelo que se perdeu das outras, e finalmente deixa eu te fazer um pedido que valera pra nossa eternidade inteira: Meu amor... Casa comigo está noite?

domingo, 8 de março de 2009

Dois lados da moeda

John se encontra em uma situação, na qual ninguém gostaria de estar. Não só agora, mas nem por um segundo. Tem uma opção, e três vidas em jogo. Qualquer decisão que ele resolvesse tomar, iria atingir alguém. Por bem, ou por mal.

Estava no meio da estação, e o barulho do trem nos trilhos se aproximava cada vez mais. A moça de saia comprida e colorida, com o cabelo cor de palha, caído sobre os seus ombros, quase alcançando a cintura, estava chorando desesperada, por ver seu filho naquela situação de arrancar a alma de qualquer pessoa de coração pulsante.

John estava sem pensar, quando o grito do menino soou alto em seus ouvidos, pedindo por socorro. As três vidas em jogo, incluía a de John, junto com o filho, e a mãe.

O menino tentava desesperadamente sair dos trilhos, mas não conseguia voltar para os braços da sua mãe, na plataforma. Os braços eram curtos demais para alcançar a ponta da plataforma, e a moça de cabelo cor de palha estava deitada, se esforçando ao Maximo para conseguir alcançar os braços do filho. Mas seus braços eram curtos, e todo esforça estava indo para o ralo. Deves se perguntar agora, porque diabos a mulher não desceu e pegou o garoto. Mas eu lhe digo. A alma padece, o corpo treme, e a cabeça enlouquece. Eram as torres gêmeas desabando sobre sua cabeça. A mãe estava lutando contra o tempo para conseguir trazer seu filho de volta, antes que o trem se aproximasse, e deixasse pra ela apenas lembranças.

Todas as pessoas na volta nada faziam, além de gritar: Não! Não!
O não nessa hora não ajudava em nada, a não ser o não que John estava vendo clarear em sua mente agora. John estava do outro lado da plataforma, assistindo aquela cena de horror, na qual uma mãe estava prestes a perder o seu pedaço maior. O filho.
Seu mundo começou a girar por um pequeno instante, enquanto o barulho do trem, nos trilho, gritava euforicamente. Ele era um, apenas, eles dois. Ele estava entrando em transe, e a mãe já tinha entrado em estado critico, mal respirava, colocando toda a água que tinha bebido na vida, pelos olhos. O menino estava entrando em pânico. Desesperado, ele tentava alcançar aqueles braços que lhe acolheram logo que saiu do casulo. Aquelas mãos que lhe foi estendida e lhe concedeu um abraço quente na noite fria. A mãe quase sem aquele pequeno pedaço de gente, sem aquele corpo que era a sua maior parte. Um filho, um ser seu, pra toda a vida, até a morte... E ela estava a caminho.

John não ouvia mais nada, olhava apavorado para sua volta, e apenas via pessoas incapazes, seres sem compaixão, e se ele continuasse ali parado, sem fazer nada, se tornaria um alguém como eles.

O sim e o não saiam de cada porta de dentro dos seus pensamentos, e o sim agora, já era mais digno do que ficar ali parado. Um sim que mudaria três vidas. Uma iria desaparecer com o não, e duas, continuariam seguindo com o sim, como seguia o trem ali. Seguia rápido demais, e estava à metros dali.

John estava atordoado, a mãe já não gritava, por não conseguir fazer nada, além de deixar o braço ali, cansado, pendurado para que o filho, que já estavas cansado de tentar, segurar.

Em uma fração de segundo ele desce. Cai dentro dos trilhos com o garoto. Ele sabe que não pode perder tempo, e corre o mais depressa que pode em direção ao menino.
O garoto já estava mole, de tanto pular para alcançar os braços acolhedores da mãe. John pegou o garoto nos braços, e como era mais alto, e seus braços mais longos, ergueu o menino, e a mãe, tirou forças do seu coração grande de mãe, desesperada por um abraço do filho, o pegou, e o envolveu naqueles braços doloridos de tristeza, por não serem compridos o suficiente para pegar o seu pedaço perfeito. Eles agora estavam felizes, pois estavam envolvendo aquele corpo que importava mais do que tudo e qualquer coisa.

John pode ver o sorriso brilhante num misto de alivio e felicidade brotar no rosto moça, e o menino dizia: Mamãe, mamãe... Como que dissesse: Eu não vivo sem você.

Era uma troca justa, dois por um. Uma escola própria. Uma escolha de louco, para alguns, uma escolha de herói para outros.

Há dois lados da moeda, um lado é a cara. A cara do caráter de John, a cara da coragem, a cara do alivio, a cara do desespero, a cara que estava prestes a ser colada em um ferro num impacto feroz. E o outro lado a coroa. A coroa de vencedor, a coroa do digno, a coroa do prestativo, a coroa da compaixão. A coroa, que em uma competição, é dada a aquele que melhor se dedica... Aquele que melhor faz. John, com certeza ganhara a coroa. A coroa da compaixão, a coroa do bom coração, de um homem valente. Mas a cara... A cara o John perdeu. Perdeu quando o barulho do trem o ensurdeceu, e o levou junto aos trilhos.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Ares de joelho



Com ares de joelho
Sem lagrimas no olhar
Choram assim mesmo
Para um leito poder tomar.

Inexistentes são aqueles
que nunca choram

Na saída do casulo
Se não chorar é nulo.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Se olho pela janela, é o teu olhar que eu desejo encontrar, ao invés dos galhos das árvores, que dançam conforme o vento toca a música. Num ritmo não muito acelerado.
Se eu toco nas minhas próprias mãos, é com o desejo de me lembrar do modo como meu coração dispara sempre que tu tocas nelas. Podem se passar horas, dias, semanas... Até que tu as toques novamente, mas eu sei que sempre quando tu as toca, uma sensação de euforia toma conta desse meu eu que é mais teu que meu.
Quando ali me deito, no vazio, por não poder te encontrar de baixo das cobertas, eu fico repassando as cenas, buscando dentro das minhas memórias, todos os teus atos, o teu jeito, o teu modo de falar, de me olhar, o calor do teu corpo, o sabor dos teus lábios doces... Não preciso ir muito a fundo, pois as memórias sabem que eu estou ali, e eu não preciso ir à procura delas, pois elas se encaminham ao meu encontro, e é onde todas as noites, antes de fechar os olhos, que eu te encontro.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O abraço que eu tenho aqui guardado, junto de uma porção de abraços, procuram aflitos pelo seu corpo macio e delicado, enquanto eu só escuto a minha consciência te gritando no vão dos meus pensamentos, que de fato são seus. Eles procuram a ti, na escuridão da distância, para que possam se atirar em teus braços suaves e acolhedores. E todos se unirem formando um só, porém, um forte abraço.
Eles estão aflitos como crianças que acabaram de sair da água do mar, correndo, descalças, no balanço do vento, que não sopra tanto, mas é o suficiente para que se sinta frio, a procura da toalha para que possam se aquecer. A toalha que é segurada pela mãe, e depois envolvida em seus corpos junto dos braços que lhes acolhem.
Os seus braços me envolvem, e quando fazes isso, me acolhe.
Eu quero sair correndo, descalça ou calçada, não importa, e me atirar neles, pra me sentir protegida dentro do teu abraço acolhedor cheio de amor.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Um primeiro encontro e as borboletas eu encontro.

“E a projeção se projeta mais perfeitamente a cada minuto que se passa... Muitos minutos irão passar, e a projeção, assim, irá se completar a cada instante que se passar.”

Quando eu me virei, eu só vi fios macios tocando meu rosto. Eram negros, não totalmente negros como a escuridão. Era como se na escuridão, tivesse uma brecha de luz, e fizesse com que o escuro ficasse num tom diferente. Num tom marrom, eu diria. Mas um marrom negro. Foi em uma fração de segundo, mas eu pude perfeitamente, naquele instante, sentir o aroma suave e doce que vinham debaixo deles.

Algo me envolveu pelas costas. Foi quando senti que me aproximei mais, e então pude perceber que era um abraço. Era um abraço com apenas um braço. Como aqueles que damos nas pessoas quando estamos... Com pressa, eu diria. Mesmo que o abraço quisesse ser rápido, ele durou bastante, estava tudo girando em câmera lenta naquele instante.

Eu não vi nada além de nós. Existiam muitas coisas a nossa volta, e algumas pessoas, mas elas eram insignificantes demais para serem notadas. Elas desapareceram quando eu senti ainda mais o aroma doce que eu inalava e exalava rapidamente. O aroma perfumado entrou em meus pulmões, os perfumando inteiramente. E sim, borboletas voavam o tempo todo dentro da minha barriga.

Foi então que senti os dois rostos juntos, e isso fez com que meu coração disparasse. Eu tentei controlar, mas foi em vão. Eu esqueço as vezes que ele é um músculo involuntário, e que naquele momento ele estava ofegante com a presença daquele ser. “Aquele ser” é vago demais pra definir. Ele estava ofegante demais com a presença da perfeição em pessoa, que se encontrava tão perto de mim.

Isso não durou nem cinco segundos, mas no meu tempo psicológico durou o tempo suficiente para ser inesquecível.

Eu lembro de não ter conseguido abraçar, só toquei de leve, as costas da perfeição.
Eu estava fascinada, porque era muito mais do que eu podia ganhar. Era muitos mais do que alguém como eu, possa receber na vida.

A perfeição não ira acabar. Muito menos a projeção de esse ser perfeito, pois eu amarei até o fim. E se caso essa projeção de uma decaída, digamos, eu faço ela se erguer.

Logo depois do braço nas costas, dos rostos colados, do aroma doce, algo veio ofuscante em minha visão. Era tão brilhante que eu tonteei. Sim, de verdade. Quando tenteamos com algo que nos fascina. Eu estava de fato fascinada com aquilo que estava vendo.

Os meus olhos faiscaram de felicidade, por ver aquele brilho todo me fitando meio que com vergonha, me olhando meio de lado, já se lançando para olhar algo que estava perto das proximidades. Seus olhos são expressivos demais. As janelas são imensas, e mesmo que as vezes eu não consiga ver de fato o que tem dentro, é inevitável esconder de mim, pois as cortinas estão sempre abertas, dançando, conforme o vento sopra nelas.

As janelas da alma me permitem ver nós... E me permitem também sentir que é eterno.

Não temos duvidas. Somos um ser somente. Uma alma, uma vida, uma certeza. A maior certeza de todas. O amor... O amor é a nossa certeza. O resto não importa. Até porque, quem precisa de restos?

Eu sei que alguém filmou tudo isso. E um dia sentaremos no sofá de casa, e assistiremos o nosso primeiro encontro. Mas tudo bem se por acaso perderem a fita. Nossa mente é mais eficaz do que qualquer câmera. E assim poderemos relembrar cada segundo daquele dia tão maravilhoso e especial que tivemos.