domingo, 30 de agosto de 2009

Tu abriste a porta do quarto, e eu nem notei. Tudo o que eu ouvia era a música soando alto nos meus ouvidos, e o que eu sentia era apenas a pressão que os fones faziam sobre minhas orelhas, e o lençol gelado, que me dava uma sensação de frescor naquela tarde de inverno semelhante a uma de verão.
Eu não notei, mas o aroma me era familiar. Tu chegaste mais perto, colocando seus joelhos no chão de madeira liso, debruçando seus braços sobre a cama. Eu não sei qual é a graça de ver meus olhos fechados, mas eu sei qual é a graça de sentir o seu sorriso.
São só alguns centímetros que distanciam a minha boca das tuas mãos. Me virei um pouco e o fone sempre incomoda minha orelha quando eu me deito de lado, então abro os meu olhos e te vejo ali, sorrindo.
É inevitável não sorrir quando vejo seu sorriso. É como se o teu sorriso fosse o meu, e de fato, pra mim, é.
Eu não me movimento, apenas te escuto dizer que se fosse um ladrão já teria me roubado.
Eu poderia ficar te olhando por horas que não me cansaria jamais.
Vou colocar minha mão na tua, e te puxar pra mim. Nossos corpos já estão unidos sobre a cama que ainda pouco estava ansiosa pela tua chegada. Teu abraço me conforta, e eu não penso mais na música que está tocando, penso somente na tua respiração soprando forte no meu pescoço, ou a minha no seu, eu já não sei mais. E aquele jeito que tu colocas o rosto em frente ao meu, me faz fechar os olhos e esperar por um beijo teu.
Enquanto o segundo se faz horas, os dias custam semanas a passar. E estou aqui sentada sobre as minhas pernas, caindo de cabeça num sonho nosso.