sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Um primeiro encontro e as borboletas eu encontro.

“E a projeção se projeta mais perfeitamente a cada minuto que se passa... Muitos minutos irão passar, e a projeção, assim, irá se completar a cada instante que se passar.”

Quando eu me virei, eu só vi fios macios tocando meu rosto. Eram negros, não totalmente negros como a escuridão. Era como se na escuridão, tivesse uma brecha de luz, e fizesse com que o escuro ficasse num tom diferente. Num tom marrom, eu diria. Mas um marrom negro. Foi em uma fração de segundo, mas eu pude perfeitamente, naquele instante, sentir o aroma suave e doce que vinham debaixo deles.

Algo me envolveu pelas costas. Foi quando senti que me aproximei mais, e então pude perceber que era um abraço. Era um abraço com apenas um braço. Como aqueles que damos nas pessoas quando estamos... Com pressa, eu diria. Mesmo que o abraço quisesse ser rápido, ele durou bastante, estava tudo girando em câmera lenta naquele instante.

Eu não vi nada além de nós. Existiam muitas coisas a nossa volta, e algumas pessoas, mas elas eram insignificantes demais para serem notadas. Elas desapareceram quando eu senti ainda mais o aroma doce que eu inalava e exalava rapidamente. O aroma perfumado entrou em meus pulmões, os perfumando inteiramente. E sim, borboletas voavam o tempo todo dentro da minha barriga.

Foi então que senti os dois rostos juntos, e isso fez com que meu coração disparasse. Eu tentei controlar, mas foi em vão. Eu esqueço as vezes que ele é um músculo involuntário, e que naquele momento ele estava ofegante com a presença daquele ser. “Aquele ser” é vago demais pra definir. Ele estava ofegante demais com a presença da perfeição em pessoa, que se encontrava tão perto de mim.

Isso não durou nem cinco segundos, mas no meu tempo psicológico durou o tempo suficiente para ser inesquecível.

Eu lembro de não ter conseguido abraçar, só toquei de leve, as costas da perfeição.
Eu estava fascinada, porque era muito mais do que eu podia ganhar. Era muitos mais do que alguém como eu, possa receber na vida.

A perfeição não ira acabar. Muito menos a projeção de esse ser perfeito, pois eu amarei até o fim. E se caso essa projeção de uma decaída, digamos, eu faço ela se erguer.

Logo depois do braço nas costas, dos rostos colados, do aroma doce, algo veio ofuscante em minha visão. Era tão brilhante que eu tonteei. Sim, de verdade. Quando tenteamos com algo que nos fascina. Eu estava de fato fascinada com aquilo que estava vendo.

Os meus olhos faiscaram de felicidade, por ver aquele brilho todo me fitando meio que com vergonha, me olhando meio de lado, já se lançando para olhar algo que estava perto das proximidades. Seus olhos são expressivos demais. As janelas são imensas, e mesmo que as vezes eu não consiga ver de fato o que tem dentro, é inevitável esconder de mim, pois as cortinas estão sempre abertas, dançando, conforme o vento sopra nelas.

As janelas da alma me permitem ver nós... E me permitem também sentir que é eterno.

Não temos duvidas. Somos um ser somente. Uma alma, uma vida, uma certeza. A maior certeza de todas. O amor... O amor é a nossa certeza. O resto não importa. Até porque, quem precisa de restos?

Eu sei que alguém filmou tudo isso. E um dia sentaremos no sofá de casa, e assistiremos o nosso primeiro encontro. Mas tudo bem se por acaso perderem a fita. Nossa mente é mais eficaz do que qualquer câmera. E assim poderemos relembrar cada segundo daquele dia tão maravilhoso e especial que tivemos.