quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Depois que o laço de fita vermelho foi cortado, o silêncio era o que havia de melhor dentro daquela caixa. Havia duas opções de escolha: O vazio e o silêncio. Ela optou por preencher o vazio com o silêncio. Porque o silencio machuca, mas o vazio destrói. E se o vazio foge, o silencio fica, mas se o contrário se sucede, não restaria mais nada.
Pisar em folhas secas naquela tarde de outono nunca foi tão tedioso.
O sol iluminava a praça desprovida de presença humana, exceto a dela.
O barulho que as folhas emitiam enquanto ela as esmagava com as solas dos seus sapatos, lembrava os ruídos provocados pela mastigação de batatas fritas.
As batatas já não tinham mais o gosto da infância, e as folhas o barulho quebradiço. Tudo o que ela se permitia ouvir naquela tarde era o som do silencio ecoando em sua mente.
-Som do silêncio?
-Sim, aquele que só ela escuta, por ser tão familiar. E pelo fato do silencio quase nunca deixar de gritar dentro dela.