sábado, 31 de outubro de 2009

argh!

O sol sumiu do céu, virou noite. O silêncio que só um tende a escutar grita alto para si.
É quando o coração acelera, as veias das mãos incham, as orelhas parecem pegar fogo, o cenho enruga, o ar não consegue permanecer dentro do pulmão e o sentimento de ira toma conta, deixando a vontade de se escabelar aparecer. Até mesmo aquele travesseiro que está servindo de apoio para a cabeça já não é mais confortável.
O que se precisa fazer é buscar um lugar menos populoso, e que de preferência não contenha nenhum objeto que agite ainda mais os sentidos, deixando as mãos com vontade de fazer os tais causar um impacto muito forte contra a parede.
Se alguém rir -bah- o choro surge, as lagrimas escorrem, fazendo da ira, ódio.
Nessas horas o auto-controle necessariamente precisa ser muito alto, porque a explosão que tenta sair de dentro de um determinado corpo é infinitamente perigosa.
Mas calma, o amor é maior que isso. Muito maior, Na verdade esse sentimentos é só do momento, e o amor é presente durante todos os momentos presentes.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Aquela boca boca desenhada para aquele mais delicado rosto. Lábio inferior cheio, carnudo. Boca grande com cheiro de beijo. Beijo com gosto de bom. Saliva quente. Língua sapeca. Beijo apertadinho, não deixa brecha pra que o ar se faça presente no enrolar do órgão muscular com o órgão da boca alheia. Troca de paladares. Rinencéfalo emocionado. Coração acelerado. Arrepio gelado. Mãos quentes. Rostos parecendo conter imas. Beijo calmo. Beijo longo. Beijo provocador. Beijo ardente. Beijo seu. Boca sua. Sua nuca sensível. Pescoço para os meus dentes. Vontade minha...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Eu corro pra dentro de mim, me escondo da dor. Espero até que tu venhas, e te amo com toda vontade que há. Me encontro quando vejo a tua chegada, e sinto a ternura tocar o momento que eu invento ou que já foi inventado por nós, quando os olhares se encontram. Eu encontro a paz. A paz que apenas com o olhar, tu me trazes sem nem perceber. Eu corro pra te amar, mas não tenho pressa de te esperar chegar.

sábado, 10 de outubro de 2009

-eu não disse que não iria.
-mas também não falou que ias ir.
-sim, não falei, mas isso não implica em não ir.
-então porque não falou?
-porque eu não quis.
-uau, tu nunca queres nada.
-eu quero.
-o que você quer?
-quero poder fazer com que tu entendas que eu quero ir.
-porque veste essa armadura toda?
-que armadura?
-essa, junto dessa pose de "você quem sabe".
-mas realmente és tu quem sabe.
-olha, eu não sei de nada, porque eu nunca fico sabendo de verdade qual é a tua vontade.
-então deixa eu te mostrar?
-mostrar o que?
-a minha vontade que tu não consegues ver.
-eu não quero que tu me mostres nada.
-ah é? Mas mesmo assim eu quero te mostrar.
-interessante como o teu querer aparece do nada.
-o meu querer ta sempre aqui. É uma pena que tu não saibas disso.
...
-Tá, não adianta me olhar com essa cara de cachorro molhado. Tu que começaste.
-É, fui eu quem começou.
-ah, ironia essa hora do dia não é nada agradável.
-po, tem hora certa pra ironia também? Não, porque, pra ti as horas são todas medidas e remedidas.
-eu meço as horas do meu dia, pra que sobrem horas a mais pra eu te ter nos meus braços por mais tempo.
-se você acha que vai me amolecer com essas frases românticas, vai tirando o teu cavalo da chuva.
-eu não tenho cavalo.
-tira o teu cachorro da chuva.
-amor, nós não temos cachorro, lembra? Optamos por ter um apartamento só pra nós.
-tu estás me irritando.
-tu ficas ainda mais linda quando irritada.
-vou te mostrar quem é linda.
-mostra, vai.
-ai, cala a boca.
-calo sim, mas só com um beijo teu.
-vem cá, tu não vai parar?
-não paro se não quiser.
-eu acho incrível como tu misturas as coisas.
-mas eu não estou misturando nada.
-porque fica querendo me ganhar com esse teu jeito irresistível?
-ah, porque você me ama.
-e você não?
-não.
-mas...
-não, eu não me amo, eu te amo.
-sem graça.
-É, as vezes eu tenho vontade de te jogar pela janela, de tão sem graça que tu és.
-porque não joga?
-porque além de entrar em cana, eu ficaria sem o amor da minha vida. E tu, porque não deixas de querer saber dos por quê?
-porque... porque eu não sei.
-eu sei.
-tu sabes?
-sei.
-do que tu sabes?
-sei que tu ta querendo um beijo meu.
-te mentiram.
-vais negar?
-claro que vou.
-até assim, na orelha?
-na orelha já é um começo.
-ah é? E aqui, no pescoço?
-para com isso.
-ahhhhhhhhhhhh
-bbbbbbbbb
-tu és tão chata, mas eu te amo, sabia?
-eu sei.
-hahaha
-ta rindo do que?
-da tua cara
-tenho cara de palhaça?
-olha...
-não responde.
-certo, certo.
-vem, me da um beijo logo.
-ta querendo um beijo agora?
-to sim.
-um é muito pouco.
-eu sei, mas inicia ai, que eu sigo o baile.
-a tua boca tem cheiro de mel.
-a sua tem cheiro de creme dental.
-hahaha. Eu escovei os dentes antes de entrar no quarto.
-a tua voz é doce.
-tu já me disseste isso.
-deixa...
-sabe o que eu mais gosto na gente?
-o quê?
- o modo como as coisas se ajeitam rapidinho, como as coisas não têm o tamanho que deveriam ter. Digo, nas “brigas”. Até parece que sempre é a primeira semana de namoro.
-É porque o amor é maior do que qualquer outra coisa, principalmente se for relacionado a essas "brigas" baratas.
-o nosso amor é maior do que qualquer coisa.
- é sim. Mas vem logo, não me enrola, me beija logo.
- só se eu puder ver os teus olhos se fechando.
-é só ficar com os olhos abertos.
-não vais ficar brava?
-não fico nunca.
-nunca é muito, hein.
-é muito sim.
...
-se um dia tu resolveres que não quer mais morar comigo nesse apartamento, tu leva contigo esses nossos momentos?
-se um dia eu resolver que não quero mais morar contigo nesse apartamento, vai ser porque eu quero comprar um melhor pra gente morar.
-eu te amo.
-eu também...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Quando deitei lembrei de ti. Senti meu interior frio e minhas mãos se fizendo quentes. Acho que foi medo...
Em dois segundos eu me vi coberta dos pés a cabeça, quase não respirando, para o escuro não sentir o meu ofegar. Não costumo sentir medo quando deito, mas ontem, depois de ver todas aquelas marcas acentuadas no seu rosto, aqueles ferimentos, as suas mãos entrelaçadas e a sua boca colada com alguma coisa que lembrava cera quente, me fez temer.
Eu temi. Temi em te encontrar naquelas condições novamente.
Aquele dia, quando olhei em minha volta, notei que todos os rostos choravam. Observei seu peito, mas ele não inflou. Então os meus olhos molharam migrando em direção aquela vela apagada sobre o balcão.
Cada passo dado eram cinco querendo recuar, e dez querendo correr pra longe dali. Me senti impotente: não pude acender a vela. Ela, também, já tinha chegado ao final...