domingo, 17 de agosto de 2008

Continuou



Passos curtos, cumpridos, vão e vem, palavras misturadas, pessoas diferentes, e outras disfarçadas.

No corredor ela vai, passo a passo, quase cai. Rostos deferentes, sorrisos verdadeiros, sorrisos amarelados, sorrisos mal dados... Ali tudo se vê, basta querer.

A alguns metros dali, enxerga quem não queria enxergar, por um segundo a ansiedade medrosa fez seu coração parar. Os passos diminuíram, não sabia se parava ou se seguia. Queria mas não queria.Ele a viu, e fingiu que algo dentro dele nada sentiu. Seu pensamento fugiu.

Os olhos se olharam, as bocas se abriram, e as almas suspiraram.

No mar azul do seu olhar ela se perdeu, e a escuridão do dela, ele conheceu. Aproximavam-se, e o coração de ambos, bateu. Tudo em volta parecia andar lentamente, como em câmera lenta, e todas as pessoas ali andavam como se pisassem em ovos, devagar, e suavemente.O sol banhava o corredor, as cortinas abanavam com o vento frio que fazia naquela manhã de inverno, que para ela era vazia.

Queria desaparecer como nos filmes... Os passos dela se aproximavam dos dele, e as criaturas em volta, pareciam abrir caminho. Ela ia pensando em tudo e tropeçando em seus próprios passos, nos seus cadarços do all star vermelho como a cor da sua camiseta, que combinava com sua causa jeans, ia pensando e imaginando dois a sós. Com os pés molhados na areia da praia como se vê nos filmes de romance, onde tudo da certo.

Ele queria, mas não sabia demonstrar, só queria caminhar e dela passar, mas ao mesmo tempo queria parar e conversar, mas o assunto se escondia.

O espaço da distancia era menor, cada um que passava, notava, a aflição da menina, que gostava e desgostava.

Ele sabia que não podia, mas queria, ela não queria, e nem podia, pelas ofensas do passado não podia perdoar, mas perdoava.

Há tempos que os dos se conheciam, até os desejos mais profundos, os objetivos, sonhos, defeitos, até mesmo os lábios ardentes de paixão. Se não fosse a terceira pessoa que se envolveu nesse romance tão balançado, tudo acabaria bem. Até que chegasse um novo alguém, que iria roubar esse sentimento de alguém.

Um ser que não sabia amar, só sabia querer. Não tinha objetivo, e roubava indiretamente os da moça da camiseta vermelha que combinava com o all star que eram que combinavam com a calça jeans.

Eram amigos, de escola, de passeios, de conversar, de amigos.

Essa terceira pessoa, de fato cometeu um assalto. Roubou um sentimento de amor que existia lá no alto. Quando menos esperavam, uma naja ali havia, e talvez a menina até soubesse, mas fingia que desconhecia. Com um sentimento bonito, destruiu, e quando tudo se arruinava de fininho saiu.

Ele pediu desculpa a moça da camiseta vermelha, ela não sabia dizer não, porque o sentimento dela ainda continuava vivo. Não intacto, por estar machucado e por ter sido ferido, mas continuava vivo. Só não queria velo mais ao vivo. Ela soube perdoar e a terceira pessoa sempre tenta a ver fraquejar... A moça do altar dessa pessoa continuou amiga, por não gostar de brigas, mas nada tampou a ferida, que continua aberta e viva.

Meninas diversificadas dentro do coração dele já passaram e no dela, um único só. Que ela mesmo sente dó.

Devido a tudo isso que foi relatado, e muito mais que pela terceira pessoa foi aprontado, os seus passos andavam ainda meio atrasados.

Só sabia deitar e chorar, por saber que esse alguém nunca mais vai voltar.

Um centímetro se era, era muito. Sabia que não poderia passar e nada falar, mas não queria mais encontrar.

Os olhos se entreolharam novamente, um sorriso verdadeiro se abriu, e um sentimento de alivio um quanto o outro, sentiu. Um beijo educado no rosto foi dado, um "tudo bem" foi perguntado, e respondido foi um "bem".

Tudo voltava ao normal, as pessoas falavam alto e caminhavam rápido, os dois iam caminhando em direções diferentes, ela olhava e ele de lado já ia seguindo.

As pessoas para suas salas entraram, e na escada ele desceu, ela fingiu ser forte, mas sofreu. Vendo seu amado, que ali já não estava mais parado, chorou por dentro por não o ter do seu lado.

Por mais que quisessem ser amigos de novo, a intimidade parecia fugir e nem um nem outro conseguia interagir. O duro foi ter que entender que cada um tinha que ir, e seu caminho próprio seguir. Sabem que um no outro vai ficar guardado, e na história, ficar marcado. Só o que ela quer é que tudo volte como era antes, ele já não sabe...

Ela esta sempre só, ele tem amigos como só, o tempo vai passando e as coisas pouco a pouco se ajeitando, até que ela se esquece, e se pega imaginando...

Ele não se lembra, mas relembra das baixezas que cometeu, e um grande amor perdeu...

Ela só lamenta, e quando pensa, quase não agüenta...

O que restou foram os retratos que dentro de uma caixa se encontram trancados, tristes por não serem olhados.

Uma extensão desse amor não vai se apagar, e sabe que a amizade, mesmo que distante vai ficar... E isso a faz lembrar, sorrir, chorar...

Um dia desses pode tudo voltar a ser, e um do outro não vai mais estar fugindo, e seus caminhos enfim, vão seguindo, e um dentro do outro vão sentindo, como seria se a terceira pessoa nunca tivesse aparecido.

4 comentários:

Anderson disse...

Você que é um gênio ^^
Deveria escrever um livro Andreza,muito bom! Adorei.

Unknown disse...

bah que texto em!
adorei...
bjo

Unknown disse...

que texto mais rico de rimas!
lindo.

Marcelo Rutshell disse...

este texto me surpreendeu, tanto pela história (parece com algo q já aconteceu cmgo), qnto pelas rimas e estrura do texto. também pela forma q abordou todos os elementos parecendo sentir extamente o q cada um senia/sentiu e não apenas do ponto do narrador. parabéns mesmo, belo texto.